quarta-feira, 23 de setembro de 2009

CONSTÂNCIA NERY


"Os Jóvens Guardadores dos Touros"
40X050
óleo sobre tela
2.500



Boi Bumbá "Encarnado" - Brasil
óleo sobre tela
50X60
4.000

A mulher que botou ordem no caos Poucas pessoas conseguiram o que ela conseguiu. Não é pouco. Ela transformou o que é complexo em mágica simples. Botou ordem no caos. Se ela fosse apenas uma dona de casa, poderia dizer que seguiu uma receita, como quem faz um bolo ou um manjar. Uma pitada de intuição, duzentas colheres de talento. Mas essa simplificação, sem trocadilho com a imensidade do que é simples, se recusa a definir o que essa mulher é. Talvez tudo começasse em Ipiguá, lugarejo meio perdido no mapa brasileiro e invisível no mapa mundi. Quem sabe tudo viesse à tona em São Paulo, onde se viu obrigada a mesclar, como em uma receita nada doméstica, a guerreira publicitária e a fazedora de mágicas visuais. Tantas eram as imagens que vinham da infância e das manifestações do folclore que ela vivenciou e que, estudando, nelas se aprofundou, que já não lhe bastava a conquista de clientes nacionais e multinacionais em sua agência de propaganda. O cérebro fez cócegas, a mão se inquietou. O coração fez todo o resto. Foram circos, quermesses, foram festas do povo, foi todo um mundo que desfilou ante seus olhos e, felizmente, diante de tantos privilegiados. Colegas de trabalho, amigos, galerias de arte. O que é botar ordem no caos? Não tenho a resposta que a ela pertence. Entendo que esse caos é a múltipla e, aos nossos olhos comuns, desordenada explosão de atos e movimentos de gente de carne e osso em seu dia-a-dia, no trabalho, nas comemorações. Momentos praticamente impossíveis de captar. Então essa mulher pegou o pincel como quem arremata a batuta de um maestro. E aquelas visões que a nós pareciam a extrema confusão de idas e vindas, de gestos e posturas, de olhares e de meneios, passaram a ser flagrantes do que a vida esconde de quem não possui extremada visão. Mas que, para ela, estavam cristalizadas em um toque de tinta, em uma cor e um tom que retiram véus. Mais que tudo: nada estava congelado. Ao contrário, pulsava com as sístoles e diástoles do coração. Essa mulher um dia deu um beijo em São Paulo e foi abraçar Curitiba. E, depois de conquistar a capital do Paraná com sua magia, acaba de fazer outra prestidigitação. Arrumou uma moldura portuguesa, junto com o marido José Cássio Mello, entrou dentro dela e aí ela está, ao encontro da Pátria-mãe dos brasileiros. Nos braços dessa terra, ela certamente vai encontrar e reencontrar as matrizes que deram ao Brasil o idioma, os costumes, o folclore e aquele jeito de ser que forma uma ponte, mágica mais uma vez, entre dois povos verdadeiramente irmãos. O nome da mulher que botou ordem no caos não poderia ser outro.É Constância Nery.


José Angelo Potiens
poeta, escritor e publicitário - São Paulo - Brasil



A festa do boi de Parintins
Durante os três dias de festival, os bois Garantido e Caprichoso revezam por cerca de três horas na arena do bumbódromo. São 3.500 representantes de cada lado. A apresentação se baseia na tradicional história do boi-bumbá, sendo a apoteose a morte do boi. Mas diferente dos bois de outros estados brasileiros, as fantasias, o tema das músicas e as coreografias têm forte influência indígena. O curandeiro que salva o boi é um pajé, as roupas dos participantes contam com cocares, penas e pinturas estilizadas no corpo.
Os blocos também mostram aspectos genuínos da cultura amazônica. Aparecem caçadores, caciques, regatões, canoas, misturando passado e presente, além das lendas amazônicas como a cobra grande, o boto, a matinta-pereira. Também é possível, por exemplo, ver temas de grande atualidade como as crianças que remam em suas canoas para pedir esmola aos passageiros dos grandes barcos que cruzam o rio Amazonas ou a figura do líder dos seringueiros Chico Mendes, assassinado no Acre em 1988.

A fábula do boi
As várias festas de boi-bumbá no Brasil recriam uma fábula rural. É a história de pai Francisco e mãe Catrina. Grávida, mãe Catrina tem desejo de comer língua de boi. Mas não de qualquer um, tem que ser do melhor boi da região. Assim, pai Francisco acaba arrancando a língua do melhor boi do seu patrão, que acaba morrendo. Furioso, o patrão vai atrás de Francisco e o prende. Um curandeiro ou padre ou médico ou pajé é chamado para salvar o boi. Com o boi curado e vivo, o patrão acaba perdoando Francisco.


Como no carnaval, o boi tem uma porta-estandarte que leva a bandeira da agremiação. Há também o levantador de toadas que faz o mesmo papel do puxador do samba-enredo. A batucada, equivalente a bateria das escolas de samba, conta com 400 integrantes com muita percussão.

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